Entendo e respeito o ponto de vista de cada cidadão. Não obstante, sinto-me
na obrigação de dizer que existem pessoas que dedicam as suas vidas a lutar
e, participam de vários fóruns de debates onde são discutidos os assuntos
de interesse da sociedade. Me coloco no rol desses cidadãos, e não somente
aquieto-me em defender os interesses classistas do meu segmento, pois se só
assim o fizesse estaria sendo corporativista. Sou um ser humano dotado de
dons, se tenho facilidade para escrever, posso e devo escrever textos que
venham informar e conscientizar os cidadãos quanto aos seus direitos e a
forma de reivindicá-los. Procuro fazer uma análise de conjuntura e exponho
minhas idéias nos artigos que envio para vários jornais, e quando posso, eu
mesmo confecciono o meu e distribuo. Não fico satisfeito somente com este
trabalho, necessito de ser mais prático, então, participo de movimentos
organizados onde todos podem prestar um serviço voluntário de assistência
ao cidadão. Sei que tudo isto é muito pouco, e, abre um espaço enorme para
os oportunistas que, querem tirar proveito político e utilizar o povo como
massa de manobra. Todavia, em minha consciência, sei que não sou assim,
embora eu também possa ser confundido. Nunca me candidatei a cargos no
executivo ou legislativo, mas já fui presidente da Associação dos
Funcionários da empresa a qual trabalho e realizamos uma administração
democrática e participativa. Quando terminou o nosso mandato continuei a
lutar e continuo a participar de diversos comitês e comissões que
discutem assuntos pontuais dos servidores públicos, logo dá para notar que a
luta é uma constante. Estou também decepcionado com a política e toda a
politicagem neste país, mesmo assim não vivemos sem exercer a política, pois
necessitamos de políticas públicas, de recursos humanos, política salarial,
etc no nosso dia-a-dia. Não podemos fechar os olhos à miséria, fome e
violência, dentre outras mazelas que afetam diretamente o cidadão. Vivemos no Brasil, e necessitamos lutar para que todos tenham acesso aos serviços
sociais básicos. Que possamos viver com um mínimo de dignidade, e que hajam políticas voltadas para o cidadão que, contribui direta e indiretamente para este fim. Necessitamos de emprego e renda. É um acinte a distribuição de
renda em nosso país, onde uma minoria é privilegiada. Eu me sinto a vontade
para falar deste assunto, pois sou uma pessoa pobre que lutou desde criança
para viver com o mínimo de dignidade. Consegui estudar, tão somente, até o
segundo grau, sou funcionário público e trabalho na mesma repartição há
vinte e um anos, ganho atualmente quase oito salários mínimos e líquido não
chega a seis. Estou casado e minha mulher sempre trabalhou, juntos
conseguimos ter um mínimo de conforto, pois ela trabalha na iniciativa
privada e somente com os seus direitos trabalhistas, depois de diversos
acertos rescisórios conseguimos ter um teto para morar. Logo, dar para vocês
verem que, a vida do cidadão de baixa renda é cheia de tribulações. Mesmo
assim nunca deixamos de ajudar a quem necessitasse, mesmo assim continuamos
a lutar. Hoje mesmo estava lendo o jornal Minas Gerais do dia 16/9/2000 e lá
estava a ata de um fórum técnico que participei e, minha indignação foi
publicada para toda a Minas Gerais.
Se vocês me perguntarem o que eu ganho com isto eu não sei responder, mas
com certeza vou acordar amanhã e saber que minha missão diária eu cumpri.
Mesmo não sabendo o porquê que pessoas tão simples e sem acesso as grandes
escolas ou recursos financeiros conseguem fazer tanto com tão pouco, pois
vejo isto nas comunidades que visito. Sou contra a política partidária e
eleitoreira, mas nunca às políticas sociais e acima de tudo humanas.
